A Lipari, empresa de mineração de diamantes, está prestes a realizar uma transformação histórica na indústria do diamante brasileiro. Após operar por seis anos a mina Braúna 3 a céu aberto no Município de Nordestina, interior da Bahia, a companhia se prepara para estabelecer a primeira mina subterrânea de diamantes do País. A transição para a mina subterrânea permitirá o acesso a áreas mais extensas e profundas, compensando os custos operacionais e garantindo a viabilidade econômica a longo prazo.

Até então, a produção de diamantes no Brasil era realizada em camadas superficiais, como aluviões em leitos de rios ou escavações na terra. No entanto, a mina Braúna 3, explorada pela Lipari, rompeu esse paradigma ao extrair diamantes de um kimberlito, uma formação geológica subterrânea em formato de cone que transporta parte dos diamantes formados nas profundezas até a superfície. Kimberlitos têm o potencial de concentrar uma quantidade maior de pedras em comparação às aluviões, o que torna a mineração subterrânea uma opção mais atrativa.

 

Mina Braúna 3, em Nordestina (BA) — Foto: Lipari Divulgação

 

A mina a céu aberto da Lipari, localizada no município de Nordestina, já atingiu sua capacidade máxima de produção e alcançou uma profundidade de 250 metros, tornando-se uma das minas a céu aberto mais profundas do Brasil. Kenneth Johnson, geólogo canadense responsável pela empresa, afirma que a atividade na mina a céu aberto está terminando devido aos altos custos para continuar a produção em maiores profundidades.

A transição para a mina subterrânea permitirá que a Lipari acesse áreas ainda inexploradas e estenda a vida útil da mina de Braúna 3 por mais três ou quatro anos. Essa mudança representa um marco na indústria de diamantes do Brasil, sendo a primeira vez, em três séculos de exploração, que o país terá uma mina subterrânea de proporções industriais.

A Lipari se consolidou como o principal produtor de diamantes do Brasil desde o início de suas operações. Em anos anteriores, enquanto a produção nacional totalizava cerca de 250 mil quilates por ano, a Lipari alcançou a marca de 230,9 quilates em 2017 e 204,8 quilates em 2018. Em 2021, a empresa produziu 134,9 quilates, enquanto a produção nacional foi de 143 quilates. Ao longo dos anos, a receita bruta da Lipari com a produção e exportação de diamantes ultrapassou os US$ 200 milhões.

Foto: Lipari Divulgação.

 

Embora o Brasil não se destaque em termos de volume na produção de diamantes, é reconhecido como um produtor de pedras especiais e coloridas. O país ocasionalmente descobre raridades, como o diamante rosa extraído em Minas Gerais em 2007, leiloado por US$ 28,8 milhões em Genebra. Os diamantes extraídos pela Lipari são enviados para Antuérpia, cidade portuária às margens do rio Escalda, na Bélgica.

Investimento

O projeto de estabelecimento da mina subterrânea da Lipari exigirá investimentos substanciais, estimados em até US$ 10 milhões. Para viabilizar esse empreendimento, a empresa está em busca de captação de recursos, tendo contratado a ERG Securities LLC, filial da ERG Capital Partners, para auxiliar na angariação de US$ 25 milhões em capital.

A Lipari também está em processo de listagem na bolsa TSX Venture Exchange, em Toronto, visando expandir suas operações tanto no Brasil quanto em outros projetos internacionais, como em Angola e no Canadá.

Fonte: www.valor.globo.com/empresas/noticia/2023/06/26/pais-tera-primeira-mina-subterranea-de-diamante.ghtml