A demanda por criações autorais continua crescendo e nós indicamos quatro marcas brasileiras de joias que adoramos.

O segmento de joalheria continua crescendo no Brasil, para a alegria das marcas brasileiras de joias. Apesar das adversidades econômicas, há uma projeção de aumento contínuo na receita global entre 2024 e 2028, com expectativa de crescimento de 14,89%, totalizando 46,3 bilhões de dólares, segundo previsões da Statista Market Insights.

 

Anéis da Apricus. Divulgação Elle

 

Além disso, a demanda por inovação no design está acelerando o crescimento do mercado nacional, hoje avaliado em 3.59 bilhões de dólares, de acordo com dados da Mordor Intelligence. Isso significa que há mais espaço tanto para as marcas brasileiras de joias autorais prosperarem, como para quem busca criações fora do mainstream. Confira alguns exemplos, a seguir:

 

CONHEÇA AS QUATRO MARCAS BRASILEIRAS DE JOIAS 

Usejoias

“A marca nasceu para atender indivíduos que não se identificam com os produtos oferecidos pelas grandes joalherias”, define o joalheiro Bruno Cardoso sobre a sua usejoias. “Não crio pensando em masculino ou feminino, mas em aspectos que quero imprimir ou fortalecer quando visto uma determinada peça”, continua ele.

 

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Nascido em Porto Alegre e baseado em São Paulo, Bruno começou na joalheria de bancada, aprendendo técnicas tradicionais no terceiro semestre da faculdade de Design de Produto. “Nessa época já me via como joalheiro, porque sempre fui obcecado pelo processo”, recorda. “Via o resultado final apenas como uma consequência, não como um destino”.

Com um carinho especial pela prata polida, quase espelhada, ele cria joias inspiradas no universo homoerótico, buscando alterar formas e estruturas tradicionais para criar imagens e objetos irônicos. “Transformamos um pouco a ideia de luxo, adaptando ao contemporâneo e deixando no passado diversos estereótipos desnecessários”, define.

 

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A usejoias lança uma coleção por ano, em novembro, mas faz drops pontuais, como o recente colar Nanica, um hit da marca. “O próximo lançamento é o colar Alberto, inspirando no clássico piercing peniano chamado ‘prince Albert’”, conta ele, que também faz alianças sob encomenda e está trabalhando na próxima coleção. “Já digo, vai ter muito vermelho”.

Cure

Renata Figueiredo lançou a Cure em 2021, com a intenção de transmitir processos internos através da joalheria. “Transformei eventos que me causaram dor em joias que hoje reverberam cura”, explica ela. “Para mim, projetar cada peça é acessar o subconsciente e extrair dele o que se oculta.”

 

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Nascida na comunidade de Tabajaras, no Rio de Janeiro, ela passou parte da infância no Ceará até retornar a cidade maravilhosa, onde mora. Nesse meio tempo, trabalhou como vendedora numa joalheria e se apaixonou pelo ofício. “Me encantei pela possibilidade de transformar criações no metal e continuei nesse caminho, juntando memórias e experiências”, conta.

 

Divulgação Elle.

 

Sua coleção mais recente é baseada no processo religioso de Feitura do Santo, junto ao Candomblé. “Estudei e desenhei durante meus quatro meses de recolhida, evitando fazer algo piegas ou me prender a uma imagem da religião que outras marcas já utilizam”. A Cure trabalha com um lançamento principal por ano e drops pontuais.

Vehr

Fruto da sociedade entre Mariana Sgarbi e Thais Kagan, a Vehr é outro destaque entre as marcas brasileiras de joias autorais. “Estava cansada de acessar as mesmas formas e materiais do mercado e entendi que a introdução de novas técnicas daria base para meus desenhos autorais”, explica Mariana, responsável pela direção criativa da marca paulistana.

 

 

Através de pesquisa e experimentos, ela se aproximou de novas possibilidades e trouxe para a Vehr a característica de explorar o processo como meio principal de inspiração. “Buscamos trazer um olhar mais atento, que enxerga o acessório como uma forma de construir novas narrativas de design e de autoexpressão, revisitando o clássico com as nossas referências estéticas”, explica ela.

 

Divulgação Elle.

 

As criações da Vehr são baseadas no design atemporal e destacam pedras especiais lapidadas, como lápis lazuli, zircônias, ametistas e citrinos. “Nossa última coleção, Iconic, surge como uma forma de solidificar a nossa essência, contemplando as múltiplas artes; arquitetura, esculturas, e até belezas naturais”.

 

Divulgação Elle.

O próximo lançamento será em setembro. “Estamos trabalhando em uma collab superespecial com um artista multidisciplinar e também experimentando novas matérias primas, como a resina”, antecipa Mariana.

Apricus

A marca fundada por Gabriela Nascimento Doucette aborda uma interpretação escultural intuitiva na joalheria. “Cada peça é esculpida à mão, antes do processo de cera perdida”, explica ela. “Este é um método milenar na joalheria, praticado por civilizações ancestrais, como no Antigo Egito”, completa.

 

 

Gabriela entrou na ourivesaria em 2019, a partir de um curso em Vancouver, no Canadá, mas sua linguagem nasceu através de técnicas autodidatas desenvolvidas pela própria. “Meu processo criativo é bastante intuitivo e de absoluta presença”, comenta. “Minha expressão artística é guiada a partir de um ensaio curioso e íntimo sobre os mistérios da existência, da criação e do tempo”.

 

 

A vastidão do subconsciente é sua maior fonte de inspiração, abrangendo desde a arte até a física quântica. “Procuro resgatar a relação sensorial e energética com os objetos que nos cercam por meio de joias expressivas, texturizadas e provocativas, que quase nunca passam despercebidas”, arremata.

 

 

Fonte: www.elle.com.br/moda/4-marcas-brasileiras-de-joias-maio