SAFIRA: PROPRIEDADES, TRATAMENTO E CUIDADOS

SAFIRA: PROPRIEDADES, TRATAMENTO E CUIDADOS

Na gemologia, asterismo é a propriedade de alguns minerais (p.ex., a safira, a esmeralda, a granada) de apresentarem, por efeito da reflexão ou da refração da luz, a imagem de uma estrela, na safira causado por inclusões de agulha do mineral rutilo. Quando a presença desse mineral é pequena se dá um aspecto sedoso, quando é maior provoca o asterismo. Há alguns estudiosos que defendem que o rutilo não provoca o asterismo e, sim, a presença de canais ocos cruzados seguindo três direções.

 

 

As safiras que apresentam esse efeito são chamadas de safira estrela ou astéricas e seu valor depende não só do quilate da pedra, mas também de sua cor e da visibilidade e intensidade do asterismo. Recentemente, esse fenômeno está sendo provocado em safiras sintéticas o que diminuiu consideravelmente o valor das pedras naturais que o apresentam. Para que o efeito de estrela seja perfeito, a gema deve ser lapidada em forma de cabochão ou esfera. Em alguns casos a estrela parece se mover ao girarmos a gema. As estrelas podem ser de 4, 6 ou 12
pontas.

 

 

 

Safira sintética

As safiras sintéticas, como outras gemas, não são artificiais. Essa confusão pode ser provocada por inexperiência ou traduções errôneas. As gemas artificiais não tem nenhum tipo de traço ou origem da gema natural, ou seja, ela não existe na natureza.

 

As gemas sintéticas, produzidas em laboratório, tem como matéria prima as gemas naturais pulverizadas, que passam por um processo de fundição e recristalização, de forma que suas propriedades são muito semelhantes às naturais e, em alguns casos, idênticas. Essa síntese só pode ser identificada por microscópios gemológicos. Por passar por processos rigorosos e caros, as gemas sintéticas também tem valor alto, porém mais acessíveis comparadas aos naturais.

 

Os métodos mais utilizados na síntese de safiras sintéticas são: o primeiro que é o de fusão à chama ou processo de Verneuil, criado em 1902 pelo francês Auguste Verneuil, até hoje continua sendo o mais utilizado e um dos mais baratos. Neste processo utiliza-se o pó de óxido de alumínio, que é colocado em um aparelho, após a colocação, é injetado oxigênio empurrando a mistura para baixo para que encontre com o hidrogênio injetado na parte inferior do aparelho.

 


Isso provoca uma combustão com uma chama que atinge 2000°C. O pó de óxido de alumínio sofre fusão forma gotas, que vão caindo num suporte, se resfriam e cristalizam em coríndon. Ao incluir neste processo sais de crômio, titânio, ferro, etc. obtém-se safiras, safiras coloridas e rubis. Já o processo de fluxo baseia-se em dissolver a alumina (no caso das safiras e rubis) em um composto fundido que atua como solvente. Essa mistura é colocada em um cadinho de platina e, após, é colocado em um forno com temperatura próxima a 1.300 ºC. Já o processo hidrotermal, envolve várias técnicas de cristalização de substâncias em soluções aquosas submetidas à altas temperaturas e pressões de vapor.


Outros processos como o Czochralski e Float-zone também são utilizados. Muitas safiras sintéticas são produzidas para aplicações industriais, comerciais e tecnológicas. Para identificar a origem natural ou sintética da gema, é imprescindível o exame das inclusões à lupa e ao microscópio. Algumas outras características como natureza e conteúdo de seus elementos-traços podem fornecer indícios dessa origem, entretanto, não são diagnósticas. As safiras naturais costumam apresentar inclusões minerais e líquidas, bem como zoneamento retilíneo de cor.

 

 

Tratamentos

 

Tratamento térmico - é utilizado para intensificar a cor natural da gema ou até modificá-la, a safira pode ficar tanto mais clara quanto mais escura. Também é usado para melhorar a clareza da pedra. São utilizadas altas temperaturas que vão de 1.500 a 1.800ºC, em fornos elétricos com aplicação de oxigênio ou não. A cor final é permanente e muito estável, desde que a pedra não seja exposta novamente à altas temperaturas.

Esse tratamento é considerado o mais natural e aceitável pela GIA e outros laboratórios de certificação, pois não há adição de nenhum componente. Esse processo “termina” a reação química das impurezas minerais que ocorrem naturalmente dentro da pedra.


Difusão - esse processo consiste em introduzir impurezas na gema por difusão de óxidos a altas temperaturas (em torno de 1.900 ºC). A gema é colocada em um cadinho, misturada à óxido de titânio ou outro agente colorante em pó e aquecida à alta temperatura. A atmosfera e o tempo são variáveis. O resultado é uma fina camada muito colorida de cor estável.

 


Clareamento - é o uso de produtos químicos para clarear a gema ou para remover cores indesejáveis. Outros tratamentos como: preenchimento das cavidades, aquecimento seguido de resfriamento e tingidura, também são utilizados, porém muitos são temporários e inaceitáveis.

 

 

 

Avaliação

Como nas outras gemas coradas, a avaliação das safiras é baseada na saturação e intensidade da cor, transparência, lapidação e o tamanho.

 

COR/COLOR - As safiras possuem uma ampla gama de cores e cada cor tem suas próprias variações de qualidade. Em geral, quanto mais intensa a cor e menor a quantidade zonas de distração (inclusões), mais valiosa é a gema. Para as safiras azuis a avaliação da cor é mais importante para determinar seu valor.

 

As mais valorizadas são azuis aveludadas para azul violeta (chamado de violetish blue), em meio a tons escuros médios. A saturação deve ser tão forte quanto possível, sem escurecera cor e comprometer o brilho. A graduação da cor das safiras é dividida em três categorias quantificáveis: intensidade (saturação), matiz (cor) e tom (claro/escuro) especificadas pela GIA termos, “azul, ligeiramente esverdeado”, são usados para descrever as tendências de cores.


A nomenclatura de gradação de cor também especifica seis níveis de saturação que variam de “acinzentado” para “moderadamente forte” para “cores vivas” e, nove níveis de tom, variando de “muito muito leve” para “muito muito escuro”.

 

TRANSPARÊNCIA/CLARITY – O grau de visibilidade através de uma safira é conhecido como transparência, que varia de transparente a opaca, sendo a transparente a ideal, conforme classificadas abaixo: Transparente - visualização clara e distinta de objetos através da pedra. Estes safiras geralmente tem excelente brilho apesar de eventuais inclusões.

Semitransparentes – visualização ligeiramente turva ou borrada através da pedra. Translúcido - visualização difícil através da safira. A luz é um pouco difusa. Semi-translúcida ou semi-opaca
- uma pequena fração da luz passa através da pedra. Opaca - quase nenhuma luz passa através da pedra. As safiras azuis tendem a ter mais inclusões que a maioria das safiras coloridas. O termo “inclusão” é utilizado para definir características encontradas dentro de uma gema e são, frequentemente, usados para indicar que a pedra é de origem natural.

As inclusões, geralmente, diminuem o valor da gema, principalmente se elas ameaçarem a durabilidade. Elas podem se apresentar de diversas formas como cristais (inclusões sólidas como pequenos grãos), seda (fibras finas de rutilo) esta, apesar de ser uma imperfeição é a preferida pois, algumas vezes proporciona um aspecto aveludado à gema, aumentando seu valor, rachaduras, impressões digitais.

 

CARAT/PESO - o efeito do quilate sobre o valor de uma safira varia pela cor. As safiras amarelas são relativamente abundantes em tamanhos acima de cinco quilates, porém cinco
quilates de safiras Padparadscha são extremamente difíceis de encontrar.


Safiras azuis, rosa, laranja ou Padparadscha que excedam quinze quilates são especialmente valiosas. Como as safiras tem uma alta densidade, uma safira de um quilate parece menor
que um diamante do mesmo peso. A safira azul do centro do anel abaixo tem 18.79 carats.

 

Alguns tipos de Cortes - Lapidação das gemas

 

CORTE/CUT - Comparável aos diamantes, os melhores cortes ou lapidações de safiras oferecem uma relação maior de profundidade/largura. As pedras mais profundas parecem menores, mas mostram mais cor do que se fossem cortadas em proporções normais.


Elas também preservam o peso e, consequentemente, o valor da gema. Quando o corte é raso parecem de cor mais clara do que os profundos. Safiras de qualidade têm boa simetria quando vistas de perfil - refletindo a luz de forma uniforme. Como a forma original do cristal é em forma de pirâmide hexagonal, o corte profundo proporciona melhor obtenção da cor e proporções. Os cortes são orientados de acordo com o zoneamento de cores (cores diferentes em determinadas áreas), com o pleocroísmo (diferentes cores em diferentes direções) e a claridade da gema.

 


A safira estrela é sempre cortada em cabochão, para exibir o asterismo. A maioria das safiras são lapidadas em formato oval, esmeralda, corte redondo e cortes de almofada. Nas lapidações mistas, o pavilhão é lapidado em degraus paralelos e a parte superior é do tipo brilhante, como no corte esmeralda, que permitem um melhor aproveitamento da gema. Atualmente, na Tailândia, Índia ou Sri Lanka a grande maioria das safiras apresentam lapidações mistas.

 

 

 

Cuidados

Devido à sua dureza, a safira não requer muitos cuidados e pode ser limpa com apenas água morna e sabão, também pode ser utilizada uma porção de amônia para seis partes de água. Use uma escova de dente para esfregar atrás da pedra, onde pode juntar poeira. Como a maioria das pedras preciosas, evite realizar trabalho pesado ou entrar em contato com produtos químicos, pois isto pode danificá-la.

 

Fonte: Revista Joias & Designer - Ebook especial GEMAS - Ed. 2015